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Porque devemos castra-los?
Por que devemos castrar os animais?
A população de Curitiba convive com um número elevado de cães errantes. Estima-se que o município tenha em torno de 180.000 mil cães, em média um animal para cada 10 habitantes, conforme relação recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta estimativa é sem considerar a Região Metropolitana de Curitiba que tem aproximadamente 3.200.000 habitantes (IBGE, 2007).
A captura e o extermínio de pequenos animais (cães e gatos) abandonados não representam um método efetivo de controle populacional, não atingindo a causa principal: a procriação sem limites. O recolhimento e a eutanásia, como únicos meios, também vêm sendo duramente criticados por entidades ligadas ao bem estar animal. O controle de zoonoses em centros urbanos só é possível por meio de um programa consciente de controle e redução da superpopulação canina e felina. A esterilização cirúrgica ainda é o melhor método sendo definitivo e seguro, evitando os riscos de patologias decorrentes da utilização de medicação anticoncepcional.
As cenas mais deprimentes no meio urbano são os animais errantes com idade avançada e/ou com problemas de saúde perambulado nas ruas em busca de alimento, conseqüente do abandono pela população. Muitos destes casos de abandonos são decorrentes do acometimento do animal de patologias ligadas ao sistema reprodutivo (tumor de mama e infecções uterinas) de custos relativamente elevados para tratamento médico veterinário.
Os animais filhotes abandonados em vias públicas ou em terrenos vazios, regularmente são resgatados pela vizinhança que encaminham para as ONGs de proteção animal ou aos ativistas independentes que buscam lares definitivos para estes animais. Quando doados sem a devida conscientização, estes animais quando adultos passam a reproduzir e, em muitos casos, a ninhada é abandonada nas mesmas condições da mãe.
Um programa de controle populacional planejado, além de reduzir o abandono de animais, de um modo geral, reduzirá os casos de abandono de animais idosos, portadores de patologias como o tumor de mama e a piometra.
Os freqüentes casos de resgate de animais portadores das patologias acima referidas motivaram o esclarecimento da população que tem constantemente indagado quanto aos fatores que possam propiciar a ocorrência de tumor de mama e de piometra em cães e gatos.
Tumores de mama (neoplasias)
As neoplasias mamárias correspondem a cerca de 50% dos tumores das cadelas. São detectados em animais de meia idade a velhos, sem predisposição racial. A transformação neoplásica é multifatorial.
O desenvolvimento de neoplasia mamária na cadela é dependente, em grande parte, de hormônios. A incidência de tumor de mama é de 0,5% com a castração antes do primeiro cio, 8% após o primeiro ciclo estral e 26% após dois ou mais ciclos, até os dois primeiros anos. Cerca de 50% dos tumores mamários de cadelas são malignos, com uma variação de 36 a 91,4% de malignidade. Entre os malignos, a maioria é de carcinomas. O tipo histológico é o principal fator no prognóstico para os tumores de mama. Entre as cadelas com tumor de mama benigno, 26% desenvolvem, mais tarde, tumor em outra glândula. Cadelas com vários nódulos podem apresentar tumores benignos e malignos concomitantemente. As pseudocieses, ou falsa gestação, aumentam a chance de desenvolvimento de tumor de mama. O uso de anticoncepcionais à base de progestágenos tem sido associado com um pequeno aumento de tumores de mama. Apesar de nos tumores de mama em cadelas serem mais freqüentes as neoplasias, existem controvérsias sobre os fatores que influenciam o seu desenvolvimento.
O diagnóstico e o tratamento precoce podem salvar ou prolongar a vida de um animal com câncer. O tratamento pode ser a remoção cirúrgica e/ou quimioterapia.
Piometra
A piometra (pio-pus metra-útero) é uma infecção do útero. Esta patologia uterina constitui o estágio final do complexo hiperplasia endometrial cística. É mais freqüente em fêmeas adultas, com mais de 5 anos de idade e não castradas. Alguns estudos defendem que a piometra ocorre com uma freqüência 3 vezes superior em cadelas do que em gatas. A administração de anticoncepcionais (prostágenos) aumenta substancialmente o risco de piometra.
O endométrio (mucosa que reveste a cavidade uterina) apresenta uma sensibilidade exagerada a progesterona. O hormônio progesterona é um hormônio feminino responsável pela manutenção da gestação. É produzida em grandes concentrações estando a fêmea gestante ou não e circula no sangue durante 45 a 75 dias após o cio. O hormônio progesterona aumenta o risco de infecção bacteriana em úteros não gestantes. A Escherichia coli é a bactéria mais comum nas infecções uterinas.
Existem dois tipos de piometra: piometra: aberta e piometra fechada. A piometra aberta é acompanhada de corrimento vaginal purulento ou sanguinolento, constante ou intermitente e com muito mau odor. Na piometra fechada, o cérvix impossibilita a passagem do conteúdo uterino, não apresentando qualquer tipo de corrimento tornando-se uma situação mais grave, visto que os donos não identificam o problema numa fase precoce do seu desenvolvimento. As fêmeas com piometra fechada podem ficar gravemente doentes, podendo ocorrer ruptura uterina, o que põem em risco a vida do animal.
Os sintomas da piometra tornam-se evidentes geralmente 4 a 10 semanas após o cio, ou em fêmeas que utilizam habitualmente anticoncepcionais. Os sintomas são iguais tanto para cadelas como para gatas. Os sintomas mais comuns são: Corrimento vaginal, perda de apetite ou anorexia, vômitos, febre, depressão, letargia, perda de peso, aumento da ingestão de água (polidipsia) e aumento da produção de urina (poliúria). A septicemia (infecção bacteriana generalizada), a toxemia associadas a uma insuficiência renal podem ser complicações graves podendo levar à desidratação severa, colapso e morte.
O diagnóstico de piometra baseia-se nos sinais clínicos e em alguns exames complementares como análises ao sangue e urina que normalmente são compatíveis com uma infecção e permitem avaliar se outros órgãos foram afetados pela doença. O aumento do útero, que ocorre tanto em piometras abertas ou fechadas, é detectado quer numa radiografia abdominal como numa ecografia.
O tratamento de eleição passa pela remoção da fonte de infecção, ou seja remoção dos ovários e do útero (ovariohisterectomia). Antes da cirurgia é necessária a estabilização do animal (fluidoterapia, antibioterapia endovenosa).
Prevenção
A prevenção desta patologia entre outros procedimentos é a ovariohisterectomia (castração) o mais cedo possível na vida do animal. Apesar da maioria dos casos se manifestar em cadelas a partir dos cinco anos de idade, a piometra pode atingir animais mais jovens. Além disso, por atingir mais cadelas que nunca tiveram cria, há uma mentalidade errônea que induz as pessoas a cruzar suas cadelas para evitar a doença. Acasalar a fêmea a fim de prevenir a infecção não é um método garantido. A única prevenção eficaz é realmente a castração. Aliás com ela, pela retirada do útero eliminamos de vez o risco da piometra e diminui também o risco de tumores de mama.
Castração Precoce
A discussão sobre a castração de animais jovens tem sido constante entre os simpatizantes da proteção e bem estar animal. Inúmeras pesquisas indicam a castração de cães e gatos antes da puberdade, e apresentam suas vantagens.
O principal questionamento da comunidade científica, bem como da população em geral é se realmente existem efeitos negativos, geralmente atribuído à carência hormonal. Não há estudos científicos conclusivos até o momento.
Diversos estudos têm comprovado que a castração reduz para menos de um por cento a incidência de tumor de mama em cães e gatos quando castrados antes do primeiro cio e que o efeito na redução da incidência diminui se castrados após o segundo cio. Nas gatas, a incidência de tumor de mama pode ser sete vezes maior em fêmeas não castradas do que nas não castradas.
Além dos tumores de mama, a castração precoce previne virtualmente quase todos os outros tumores relacionados ao sistema reprodutor, tanto em machos quanto em fêmeas, assim como outras doenças do sistema reprodutor muito comum em cadelas e gatas, principalmente naquelas que receberam hormônios para evitar o cio, que é a PIOMETRA.
A vantagem prática da castração precoce é que o custo da cirurgia em filhotes é menor do que em adultos devido ao consumo menor de anestésicos e de outras matérias, sem falar no tempo de cirurgia que é menor.
O programa de controle populacional de cães e gatos, utilizando o método da esterilização cirúrgica, além de reduzir o abandono de animais, reduzirá os casos de abandono de animais idosos, portadores de patologias e sem as mínimas condições de adoção pela população que prefere animais jovens. A outra vantagem e que na adoção de animais castrados, não existe a possibilidade destes animais se reproduzirem e agravarem mais o problema da superpopulação de cães e gatos. Na reprodução descontrolada de cães e gatos é comum presenciamos os proprietários matarem os seus filhotes, assim que nascem, com métodos cruéis (afogamento, espancamento) ou jogá-los na rua e quando resgatados podem iniciar um novo ciclo da reprodução descontrolada.
Dr. Masahiko Ohi
Médico Veterinário